1º Ano


Edição do dia 27/05/2012 - Atualizado em 27/05/2012 22h03

Lotação esgotada: 925 milhões de pessoas no mundo passam fome

Na Índia, no desespero por comida, tem gente enfrentando até mesmo uma fera das selvas: o tigre de bengala.
 
 
 


A repórter Sônia Bridi vai à Índia, o país que em menos de 15 anos será o mais populoso do planeta, e mostra que, no desespero por comida, tem gente enfrentando até mesmo uma fera das selvas: o tigre de bengala.

A família humana está raspando o fundo da panela. A família humana já colocou água no feijão. A família humana raspou o fundo do tacho. 

Uma luta interminável com as forças da natureza. A lama, para conter a água. 

Estação das cheias está chegando. E os moradores do maior mangue do mundo tiram argila do leito do rio, na maré baixa, e constroem diques. Reforçam os que já existem. 

Mulheres, apesar de serem uma sexo frágil, também ajudam. Trabalho pesado, que iguala todos. Barreiras de argila compactada, para enfrentar a fúria da água e do vento. 

São quilômetros e quilômetros de diques. 

Estivemos na Índia, fronteira com Bangladesh. Dois dos países mais populosos do mundo. 
Nos Sunderbans, um emaranhado de ilhas onde os rios Ganges e Brahmaputra. Encontram o mar. 

Território do temido Tigre de Bengala. Um lugar que não parece feito para a vida humana. Mas quatro milhões de indianos arrancam desta lama o seu sustento. 

No mundo 925 milhões de pessoas passam fome. Como podemos garantir alimento para todo mundo? 

Planeta Terra, Lotação Esgotada. Nos Sunderbans, conter o rio é questão de vida e morte. 

Acontece que agora, quando a maré está alta, o nível da água já está acima do nível da vila e dos campos com as plantações. Quando chegam as monções, as chuvas fortes vêm também as tempestades. E se durante essas tempestades o dique for rompido, a água salgada do rio pode invadir os campos e matar todas as plantações. 

E isso significa um ano de fome pela frente. Porque nessa parte do mundo, quem não tem o que colher também não tem o que comer. 

Em 2011 um tufão fez a água transbordar para dentro de uma vila, como uma onda gigante. 

A mulher conta que nunca viu nada igual. Uma sobrinha correu com o filho no colo procurando abrigo, mas foi derrubada pela água, que levou o bebê. 

Quando a enchente baixou, deixou a terra com tanto sal, que poucos pés brotaram na lavoura de feijão, a principal fonte de proteína na região. 

O camponês se pergunta como vai alimentar os filhos, se a ilha toda foi afetada e os vizinhos e amigos também estão contando os grãos? 

“Aqui a gente não tem dinheiro, não pode comprar comida no mercado”, diz a mulher. 
“Minha sorte é que tenho só dois filhos”, completa. 

dois filhos é o lema do programa de planejamento familiar do governo para conter o crescimento populacional no país que 1,2 bilhões de habitantes numa área que é dois quintos da brasileira. 

Lotação esgotada: 925 milhões de pessoas no mundo passam fome 

É a maior concentração de pobres do mundo. A maioria dos indianos depende do que planta para comer. Três de cada quatro comem menos do que precisariam para ter uma vida saudável. 

E até 2025 a Índia terá ultrapassado a china e será o país mais populoso da Terra. 

Onde fica Las Vegas, do outro lado do mundo, o maior problema de saúde pública é comida demais. Um americano consome em média o dobro de calorias a que um indiano tem acesso. 
Mais da metade da população está acima do peso. E engordando cada vez mais. 
A relação deles com a comida é bem ilustrada em um buffet, em Las Vegas. 

Por apenas US$ 30, o equivalente a menos de R$ 60, a pessoa pode num espaço de 24h comer em qualquer restaurante da rede. Comer o que quiser e quanto quiser. O resultado é que elas acabam comendo muito mais do que precisam. Em média um quilo e meio por refeição. Quase cinco quilos ao final das 24 horas - em café da manhã, almoço e jantar, e lanchinho nos intervalos. 

Os números no buffet são assustadores. Cem metros de balcão de comida. Consumo diário de 250 quilos de purê de batata, 1500 ovos. Mais 300 quilos de carne só no balcão de grelhados. E 600 quilos de pata de caranguejo. 

O chef diz que é um desafio preparar toneladas de comida por dia. Quero saber se as pessoas deixam comida no prato, e ele confirma. Trezentos a quatrocentos quilos vão para o lixo todos os dias. 

A fome que aflige um em cada sete humanos, não é por falta de alimentos. 

“A fome é resultado da pobreza, da desigualdade e da miséria. Não é um problema de produção”, afirma Renato Maluf, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. 

A produção mundial de alimentos ainda dá conta. E mudou, no Brasil mega empresas agrícolas mudaram a paisagem do campo. Plantamos e colhemos com uma eficiência que não era nem sonhada há duas gerações. 

Nelson Vigolo, 200 mil hectares de terra plantadas em mato grosso, imagina o avô, pequeno agricultor do Sul, diante dessa grandiosidade 

“Se ele chegasse aqui e enxergasse tudo isso, visse tudo isso daqui, ele ia falar: ‘Oh, bando de louco’”, diz. 

A loucura começou com o avanço sobre o Cerrado e a Amazônia. 

A terra ocupada para agricultura e pecuária no Brasil mais do que dobrou em 30 anos. 
A mecanização, os defensivos agrícolas e fertilizantes, melhores sementes. Multiplicaram a produtividade. Foi a revolução verde. 

De onde há 20 anos eram colhidas duas toneladas e meia de grãos, hoje saem dez toneladas. 

As colheitadeiras levam a soja, e outras máquinas vem atrás, plantando milho. 
Em vez de uma safra, duas por ano, porque o ciclo entre plantio e colheita ficou menor. 
Em constante crescimento de produtividade em cima da mesma área, sem novas aberturas de áreas. E isso que contribuiu muito pra alimentar o mundo. 

Do Mato Grosso, para a China, principal consumidora da soja brasileira. Nos anos 60, 30 milhões de chineses morreram de fome. 

Mas a China enriqueceu, e fez do mundo seu quintal para todo tipo de produto, do aço, aos alimentos.

E se o consumo chinês fez o preço do aço ser multiplicado por 5 nos últimos dez anos, o temor agora é o que vai acontecer com o preço da comida, quando um 1,3 bilhões de chineses se sentam à mesa para comer bem. 

Ponte que acaba no nada 2010 série velha. O analista Arthur Kroeber diz que os chineses vão comer cada vez melhor, com a dieta mais rica em proteína. E como eles não têm espaço para produzir, vão importar, cada vez mais, carne a grãos. 

O consumo sobe em vários países em desenvolvimento, e a população continua crescendo. 

Até 2050 seremos 9 bilhões. O que significa alimentar 3 a mais, contando o um bilhão que já passa fome. E nós já usamos 40% da superfície terrestre para plantar. 

A solução mais fácil seria aumentar as áreas plantadas, mas no mundo inteiro só sobraram terras que ainda estão cobertas por florestas. E a gente sabe que a destruição das florestas aumenta o aquecimento global e isso pode prejudicar a produtividade das lavouras que já existem. Resta então aumentar essa produtividade. Mas ainda é possível logo depois da imensa Revolução Verde? 

“Nós vamos precisar de muita ciência e tecnologia para aumentar, para dar segurança alimentar, mas muita ciência e tecnologia mesmo. Nova. Talvez até haja um papel relevante para a engenharia genética. Olha aqui um ambientalista falando isso. Mas além da ciência e da tecnologia, nós vamos ter que mudar os padrões de consumo”, afirma o economista Sergio Besserman. 

Principalmente da carne, que é a que mais suga recursos naturais. No mundo inteiro, quem pode pagar, come mais carne do que precisa. 

Mas a produção pode ficar mais eficiente também. O Brasil tem mais gado do que gente. 

E, para alimentar o imenso rebanho, ocupa o dobro do espaço da agricultura. Mas isso pode mudar, basta fazer a produção mais eficiente. 

O governo brasileiro já fez as contas: dá para reduzir para menos da metade a área ocupada por um boi no campo. 

“Hoje em dia não é mais problema técnico, é questão de querer fazer”, alerta Arnaldo Carneiro. 

Com o que já se sabe: melhoramento genético, boas pastagens e manejo. 

“Com o conhecimento que nos temos hoje, acumulado e pronto para ser disseminado, nos teríamos um ganho de produtividade na atividade agropecuária com economia de terra. Poderíamos hoje, com a mesma área da pecuária, dobrar ou triplicar a produção”, completa Arnaldo. 

E diminuir a pressão sobre as florestas que são derrubadas para o gado entrar. E ainda aumentar o espaço para lavoura. 

Mas também é preciso incentivar a produção local, como vimos em Ruanda. 

“A possibilidade de você alimentar a população do mundo com base numa agricultura de pequena escala, diversificada e que valorize a biodiversidade ela é facilmente demonstrável. Posso lhe dizer: mais de 70% da alimentação do brasileiro vem da agricultura familiar”, afirma Renato Maluf. 

De volta aos Sunderbans, lugar onde com frequência a lavoura não produz. 

As redes voltam quase vazias. Mesmo que as mulheres raspem com suas redes o leito lamacento do rio. 

Nessa hora, eles tomam uma decisão extrema. Buscar comida na floresta dominada pelo Tigre de Bengala. Um predador que, ataca e come humanos, mata pelo menos 20 pessoas por ano. 

A maioria, na colheita do mel. A fumaça que protege das abelhas, impede ver o tigre se aproximando. 

Bons nadadores, muito tigres cruzam de uma ilha para outra, e vão atacar as vilas. 
Quando encontram os moradores unidos, predador vira presa. Não há espaço nem comida suficientes para homens e tigres nos Sunderbans. 

Susanta Mondal, pai de dois meninos entrou na floresta para tentar pegar caranguejos. 
A mulher tentou impedi-lo. 

Mondal ainda estava no barco quando o tigre atacou. Virou a embarcação. 
Durante 25 minutos ele lutou contra o maior felino do mundo. Não sabe como conseguiu escapar. Ficou semanas entre a vida e a morte. Perdeu um olho. Ganhou marcas das garras que nunca sairão do seu corpo. 

O desafio, no mundo todo, é encontrar o desenvolvimento sem destruir o que resta da natureza. Que na maioria das vezes não ataca nem se defende. Mas quando ela é derrotada, somos sempre nós que perdemos. 




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Edição do dia 20/05/2012 - Atualizado em 21/05/2012 00h30

China e Ruanda enfrentam problema da superpopulação

Mas, afinal, quantas pessoas a Terra pode suportar? Existem várias respostas para essa pergunta. Tudo depende do padrão de vida.
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Esta semana, o Fantástico estreia uma nova série: “Planeta Terra: lotação esgotada”, apresentada pela repórter Sônia Bridi. Ela e o repórter cinematográfico Paulo Zero foram aos cinco países mais populosos do mundo e também à África, o continente que mais cresce, para descobrir, afinal, quantas pessoas o planeta pode sustentar? Na primeira reportagem, a dupla vai mostrar dois países que enfrentaram de maneira diferente o problema da superpopulação. E de quebra ainda encontraram um bando de gorilas. Uma experiência inesquecível.

Assim avança a humanidade. Nos sonhos e ambições, nas dificuldades e conquistas de bilhões de famílias ao redor do mundo. Como nenhuma outra espécie, moldamos a terra às nossas necessidades. Já passamos dos 7 bilhões e seremos 1.500 a mais até o fim da reportagem. Planeta Terra, lotação esgotada.

Mas, afinal, quantas pessoas a Terra pode suportar? Existem várias respostas para essa pergunta. Tudo depende do padrão de vida. Se formos todos viver igual às pessoas da Índia, não teria problema. Poderíamos chegar a 15 bilhões de habitantes.

Por outro lado, se todos vivêssemos como os americanos, já estaríamos encrencados. É que, com o padrão de vida dos Estados Unidos, a Terra só suportaria 1,5 bilhão de habitantes. Já teríamos 5,5 bilhões sobrando no planeta. O problema é que o padrão de vida americano é a aspiração de muitos povos ao redor do planeta.

Em um mundo tão desigual, já gastamos mais recursos do que podemos repor. A família humana entrou no cheque especial. Quase metade da população da Terra vive em cinco países. Desses, quatro estão em pleno crescimento econômico, aumentando o consumo de tudo, de comida a automóveis.

Fantástico


O Brasil é o quinto, com 192 milhões e meio. Antes vem Indonésia, com 238 milhões; Estados Unidos, com 313 milhões e meio; Índia, com 1,21 bilhão, e China, o mais populoso, com 1,34 bilhão de habitantes. Uma civilização de cinco mil anos, e uma unidade racial que faz do estrangeiro verdadeiramente um estranho. A China sabe que o tamanho da população é sua força, e também sua fragilidade.

Há 34 anos, com a população chegando a 1 bilhão, o governo chinês tomou uma decisão dura. Passou a ter um controle rígido de natalidade que ficou conhecido como A Política do Filho Único. Sem ela, o governo diz que hoje teria 400 milhões de habitantes a mais. Dois Brasis inteiros para vestir, alimentar, educar, abrigar. E se todo país reconhece os benefícios dessa medida, para cada família chinesa ela representa um imenso sacrifício.

A filha é uma fonte interminável de orgulho para a família. Aos 4 anos, é cuidada e estimulada pais e avós. A mãe do pai até mora na mesma casa. Pela lei, o arquiteto Chunguang Zhou deveria se dar por contente. Mas ele quer mais. Ele acha injusto não poder ter outro filho. Um menino.

A mulher interrompe para dizer que não concorda. Outro filho, tudo bem, mas não importa se é menino ou menina. Ele explica: “Sou de família tradicional e na China é o filho homem quem cuida dos pais na velhice”.

O casal pode ter um segundo filho, pagando uma taxa que varia de acordo com a renda familiar. No caso deles, por volta de R$ 20 mil. “Estou trabalhando duro para conseguir esse dinheiro”, afirma o arquiteto.

Contra a vontade da mulher, que de bom grado usaria todos os recursos na melhor educação possível para a pequena.

O controle populacional foi uma das estratégias de desenvolvimento da China, que em três décadas saiu da miséria para se tornar a segunda potência econômica mundial. Maurice Strong, o idealizador da Rio 92, hoje consultor de sustentabilidade do governo chinês, diz que, mesmo querendo ter mais um filho, a maioria dos chineses entende que é do interesse do país limitar o crescimento populacional. “A China tirou mais gente da pobreza do que qualquer outra nação na história”, lembra ele.

E mesmo com tudo isso, a população chinesa cresce mais rápido do que a brasileira.

“Quando as mulheres têm acesso à educação e liberdade, elas no mundo inteiro têm menos filhos e se dedicam mais à educação de um número menor de filhos”, diz o economista Sergio Besserman.

Ruanda, no coração da África, o continente onde a população mais cresce. Este país tem menos de 1% da população da China, mas é tão pequeno, que para ter o mesmo número de pessoas por quilômetro quadrado, a China precisaria ter quatro bilhões de habitantes. Com tanta gente concentrada em um território pequeno, Ruanda já perdeu quase toda a sua floresta, colina após colina, coberta de plantações. Na capital, canteiros e flores.

Em meio aos jardins da Ruanda de hoje, é difícil acreditar que há apenas 18 anos esse país foi palco do massacre de quase um milhão de pessoas. Em Kigali, o Museu do Genocídio tem covas coletivas de vítimas. Testemunha da brutalidade que começou com o pretexto de diferenças étnicas, mas que era, principalmente, a disputa por terra e recursos.

Vizinhos contra vizinhos, o assassinato brutal dos tutsis pelos hutus. Em poucos dias, um em cada dez ruandeses estava morto. Nas montanhas, outro massacre: o dos gorilas. Caçados para virar souvenir e com suas florestas destruídas para dar lugar a plantações. Eles chegaram à beira da extinção porque o povo precisava comer e recorria ao que tinha à mão.

Passados 20 anos, Ruanda deu a volta. São os gorilas que ajudam a salvar os humanos.

Vamos subir a montanha e tentar encontrar um dos 17 grupos, 17 famílias de gorilas que vivem nessa área. E é justamente essa aventura, esse passeio em busca dos gorilas, que está mudando a vida nessas montanhas de Ruanda. Caminhamos quatro horas montanha acima.

Encontramos um grupo de batedores, eles localizaram uma família de gorilas que está bem perto.

Estavam mais perto do que se pensava. Uma família inteira, 20 gorilas. O chefão descansa debaixo de uma árvore. Um macho de quase dois metros de altura. É de tirar o fôlego.

“É inacreditável pensar que estou a menos de quatro metros de um Silverback, que é o macho dominante, um gorila de 200 quilos. Os outros três menores são adolescentes, são jovens, que ficam ali brincando com ele. O mais incrível é pensar que a vida dessas criaturas está ajudando a salvar a vida de milhares de pessoas em Ruanda”, diz a repórter.

A vilinha ao pé da montanha é a primeira beneficiada com o programa que aplica nas comunidades a taxa de ingresso dos turistas do parque: O equivalente a R$ 1 mil por pessoa. Assim, eles compram melhores semente para as lavouras. A produtividade quase dobrou nos últimos dez anos.

O espetáculo de dança é para turistas. À frente, um dos últimos pigmeus de Ruanda. As tribos e etnias se juntam e ganham para manter as tradições. “Aqui temos trabalho e não precisamos mais ir buscar o sustento na floresta”, diz o responsável pelo espetáculo.

“Isso não só faz a gente se sentir melhor fazendo esse tipo de turismo como a gente fica até mais generoso. Você está distribuindo riqueza”, diz Fábio Tadeu Panza.
E que riqueza. O turismo é a maior fonte de renda do país. Ele dá o primeiro emprego a Aspasia, aos 55 anos. Fomos até a casa onde ela vive com três dos oito filhos, e alguns netos. Eles estão indo para a escola nova que foi construída na comunidade com ajuda do dinheiro do turismo. E o número de escolas se multiplica. A melhor chance de modernizar a economia no país, que ainda tem 85% da população no campo.

Uma das filhas de Aspásia foi mãe aos 24 anos. Agora está no programa de planejamento familiar da vila, também patrocinado pelo turismo. A mãe teve oito filhos, ela planeja três.

Na cozinha da casa feita de barro Aspásia prepara uma espécie de polenta de milho branco, também colhido pela família. Quando fica pronto, ela parte como fio e serve. Acompanha um cozido de feijão com couve da horta. Comida nutritiva, cheia de proteínas. Crianças saudáveis, cheias de apetite e de saúde para aprender.

No alto da montanha, outras crianças se divertem em segurança. Os gorilinhas brincam de luta. Implicam um com o outro. O pai volta e meia levanta a cabeça, parece que vai reclamar da bagunça dos meninos, mas volta a dormir.

Os pequenos curiosos nos seguem. Estão acostumados com humanos, mas hoje trazemos uma coisa diferente. O reflexo da própria imagem refletida na lente é intrigante. Somos obrigados a nos afastar o tempo todo para evitar um contato físico. Mas um deles é especialmente sapeca, passou pelo meio das pernas da repórter.
O nome desse gorilinha quer dizer Maria Vai Com as Outras. Ou seja, está sempre seguindo as pessoas. Dessa vez, ele está seguindo a gente porque está obcecado com a câmera.

Um pouco mais à frente, encontramos uma fêmea com um bebê de apenas 3 meses. O que mais impressiona é que, depois de tanta matança, uma carnificina que levou essa espécie até perto da extinção, essa mãe com um bebezinho permita que uma pessoa fique tão perto, sem se sentir ameaçada.

Em Ruanda, a confiança está sendo reconstruída. Entre homens e animais. Entre as tribos. Mostrando que, fazendo o que é certo, tem espaço na Terra para todos.



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Jornal Nacional - Edição do dia 29/12/2011
29/12/2011 21h44- Atualizado em 29/12/2011 21h44

Cubanos usam mensagens de texto para driblar a censura e a repressão política

População luta por mais liberdade na ilha comunista. Recurso do celular é utilizado para marcar reuniões e publicar denúncias em redes sociais.




A luta da oposição por mais liberdade na ilha comunista é o tema da última reportagem da série sobre a vida em Cuba. Os enviados especiais Giuliana Morrone e Alberto Fernandez mostram o impacto da ideologia no dia a dia dos cubanos.
A novidade foi pintada em um outdoor em Matanzas, no litoral de Cuba. O artista caprichou nos detalhes. “Che Guevara é meu favorito”, ele diz.
Nas estradas de Cuba, por todo o país, vê-se uma preocupação do regime em manter um discurso do passado. Cuba está há mais de 50 anos sob o poder dos irmãos Castro. Agora, o Partido Comunista se prepara para discutir uma proposta de Raúl Castro que limita os mandatos do presidente e da cúpula do governo.
A proposta será analisada pelos militantes comunistas em janeiro. Se for aprovada, Raúl Castro, que tem 80 anos, em tese ainda teria como ficar até 2018 no poder. Os revolucionários envelheceram. Aa elite política tem, em média, mais de 70 anos.
Nos discursos, o ditador Raúl tem defendido renovação no Partido Comunista, o único legalmente reconhecido.
Nas escolas, desde cedo a ideologia faz parte do ensino. No teatrinho, o guerrilheiro Che Guevara ensina camponeses a fazer trabalho voluntário.
"A missão da escola cubana é formar jovens para viver em um país socialista. Não se pode amar quem não se conhece, nossos heróis e mártires", explica a ministra de Educação Infantil, Maria Sanchez Ramos.
As coisas se complicam para quem cresce em Cuba e tem opiniões contrárias ao regime. Nas ruas, é nítido o desconforto quando o assunto é política
Uma das fontes de informação mais populares em quase todo o mundo em Cuba é raridade. A internet em casa é privilégio para poucos: estrangeiros, agências de turismo e alguns funcionários especiais do estado.
Quem não está entre os privilegiados pode usar a rede em alguns cafés. A conexão é muito lenta – feita por telefone – e cara, o equivalente a R$ 10 por meia hora, em um país em que o salário mínimo corresponde a R$ 17 reais.
A jornalista e blogueira Yoani Sánchez é a voz jovem da dissidência cubana para o mundo. Ela já foi detida e apanhou da polícia política.
"Existe uma confusão. Isto não é comunismo, nem socialismo. É um capitalismo de estado, de clã familiar, um capitalismo militar," ela diz.
Sem internet em casa, Yoani enfrenta as barreiras tecnológicas e denuncia abusos do regime castrista.
"Driblamos a censura com criatividade, estamos criando a internet sem internet”, diz Yoani.
Ela escreve as denúncias nas redes sociais por meio de mensagens de texto de celular e publica fotos de dissidentes sendo presos pela polícia política de Cuba. Yoani diz que Raúl Castro tem uma estratégia diferente para lidar com a oposição.
"Com Fidel Castro, a condenação era praticamente obrigatória", ela conta. “Com Raúl Castro, a repressão não deixa rastros legais, é uma repressão em que não há condenações longas na Justiça. Raúl Castro aumentou muito o uso de paramilitares nas ruas, as câmeras de segurança que vigiam as cidades e os grampos telefônicos", diz Yoni.
Outros opositores também usam as mensagens de texto para se comunicar e marcar reuniões, como uma realizada em um bairro de Havana. Nem sempre funciona. O organizador Juan Antônio disse que a polícia chegou antes e avisou que se eles reunirem mais de 16 pessoas, abortariam a reunião.
A polícia acompanhou tudo de perto, das esquinas. E, no dia seguinte, o centro de imprensa internacional de Cuba avisou à equipe de reportagem: “Sabiam que haviam acompanhado o encontro dos dissidentes, e a reunião seguinte teve que ser cancelada”.


Jornal Nacional - Edição do dia 28/12/2011
28/12/2011 21h38- Atualizado em 29/12/2011 23h15

Cubanos aprendem a lidar com lei para compra e venda de carros

Durante 52 anos, únicos carros que podiam ser revendidos eram os fabricados antes de 1959, quando o ditador Fidel Castro tomou o poder. Novas regras são complicadas.




Na terceira reportagem que o Jornal Nacional apresenta esta semana sobre a vida em Cuba, você vai entender por que as ruas estão repletas de carros antigos. Os enviados especiais Giuliana Morrone e Alberto Fernandez também mostram as mudanças no comércio de carros na ilha comunista.
Há algo de novo nos carros que circulam pelas ruas da capital de Cuba. Em Havana, os cubanos estão aprendendo a lidar com a lei recente que permite a compra e venda de carros. Quem pode tenta incrementar o motor, a lataria.
"Os clientes querem consertar os carros para vender", diz o dono de uma oficina. Seu Archimedes tem um estoque especial de peças para automóveis fabricados há 30, 40 anos. "Isso no Brasil seria lixo. Aqui em Cuba, não", ele diz.
Durante 52 anos, os únicos carros que podiam ser revendidos eram os fabricados antes de 1959, quando o ditador Fidel Castro tomou o poder. E carro zero quilômetro era apenas para quem conseguisse autorização do governo para sair do país e juntar dinheiro no exterior, como alguns artistas, médicos, funcionários públicos do alto escalão.
As novas regras mantêm certos privilégios. E são complicadas. Em Cuba, um carro soviético dos anos 1970, está à venda por US$ 10 mil. Na concessionária do governo cubano, estão à venda vários carros pelo menos 30 anos mais novos e pela metade do preço. A diferença é que, na concessionária, o cliente tem que comprovar a origem do dinheiro para a compra do carro.
Com um salário mínimo equivalente a R$ 17 por mês, é comum cubanos receberem ajuda financeira de parentes que vivem fora do país. É um dinheiro que não tem como ser declarado. Como não existem jornais com classificados, os anúncios são publicados em uma página da internet. O site é administrado por cubanos que vivem na Espanha. E, para conseguir ler os anúncios na ilha comunista, é preciso driblar a censura do regime, digitando o endereço de outro site, que encaminha o usuário até os classificados.
Joaquim Infante é diretor da Associação Nacional de Economistas de Cuba. Um revolucionário, ele diz. Apoiou Fidel Castro quando ele tomou o poder. Hoje elogia as mudanças na economia. “Rompemos com o paternalismo, estamos atraindo novos investimentos de empresas estrangeiras”, comenta.
Para a população, os resultados ainda não apareceram. A comida continua racionada. O leite dá apenas para 15 dias, diz uma mulher.
O alho é vendido dente por dente. O transporte público é sofrível. Quem tem um carro antigo em Cuba acha que tem muito.
Seu Samuel quer o equivalente a R$ 22 mil por um carro de 1980. Com o dinheiro quer seguir em frente para a aposentadoria.


Jornal Nacional - Edição do dia 27/12/2011
27/12/2011 21h17- Atualizado em 29/12/2011 23h17

Com nova lei de venda de imóveis, cubanos enfrentam especulação

Durante mais de 50 anos, o regime socialista permitiu apenas que cubanos trocassem casas entre eles, seguindo regras complicadas.




O Jornal Nacional está apresentando esta semana uma série de reportagens sobre a vida em Cuba. Nesta terça-feira (27), os enviados especiais Giuliana Morrone e Alberto Fernandez mostram como a permissão para comprar e vender casas modificou a vida na ilha comunista.
Quem chega a Havana se impressiona com a beleza da arquitetura. O segundo impacto é ver que a cidade está em ruínas. A capital de Cuba é o retrato da situação financeira do país. Mas, entre os destroços, surgem andaimes e latas de tinta.
"Tenho que manter a casa bonita. Agora sou proprietário e posso vendê-la", diz Reinaldo.
É tudo muito novo. Durante mais de 50 anos, o regime socialista permitiu apenas que cubanos trocassem casas entre eles, seguindo regras complicadas. Comprar e vender imóveis era totalmente proibido.
Sem novas construções, nem oferta de casas nas últimas cinco décadas, avós, pais, filhos, netos dividiram o mesmo teto. Mercedes está preocupada. “Se a minha mãe vender a casa, onde vou viver?”, questiona.
Agora, com a nova lei que permite a compra e venda de casas, os moradores estão confusos. Afinal, qual o valor neste novo mercado imobiliário de casas como as que ficam em uma rua no centro de Havana?
"O mercado está um pouco louco", avalia o primeiro corretor de imóveis de Cuba destes novos tempos de abertura da economia. Jorge diz que, na ânsia de ganhar dinheiro, os cubanos estão experimentando a especulação imobiliária.
Tânia quer pela casa dela o equivalente a R$ 400 mil. O Departamento de Arquitetura de Havana diz que o imóvel vale 10% disso, o correspondente a R$ 40 mil. "Eu não tenho referências," ela diz.
Como a maioria dos cubanos não tem dinheiro suficiente, o alvo principal de quem quer negociar são estrangeiros com residência permanente em Cuba e dinheiro para investir. Eles podem comprar imóveis, o que não é permitido para os cubanos que abandonaram o país.
A compra e venda de casas faz parte de uma estratégia do governo de Raul Castro de tentar dar algum fôlego à economia destruída de Cuba. Este ano, Castro anunciou mais de 300 mudanças nas leis, como a demissão de 500 mil funcionários públicos. Barbeiros que antes eram empregados do estado agora trabalham como autônomos. E o governo autorizou a abertura de milhares de pequenas empresas.
Uma casa de sucos vende R$ 400 copos por dia. Os novos empresários tentam imitar redes americanas de fast food. Ivan tem sede capitalista e já pensa em abrir franquias.
Com o embargo econômico dos Estados Unidos, que proíbe a entrada de empresas americanas em Cuba, Ivan vive o sonho capitalista com a casa cheia. E, por enquanto, sem grandes concorrentes.
Jornal Nacional - Edição do dia 26/12/2011
26/12/2011 22h20- Atualizado em 29/12/2011 23h14





Cubana mostra as dificuldades que enfrenta para sobreviver

Gladys se queixa de que há dez anos espera tratamento no dentista e que não se sente à vontade para dar uma risada.






Esta semana o Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens especiais sobre a vida dos cubanos e como as mudanças na economia estão atingindo a ilha comunista. Nesta segunda-feira (26), os enviados especiais Giuliana Morrone e Alberto Fernandez mostram como é a vida no interior e quais as principais carências da população.
Aeroporto Internacional de Miami. Os passageiros com destino a Cuba chamam a atenção por causa da bagagem: comida, roupa.
As malas gigantescas são um jeitinho encontrado pelos cubanos para quebrar o embargo econômico. A proibição dos Estados Unidos de que empresas americanas vendam produtos em Cuba vai completar 50 anos em janeiro. O plástico de proteção é uma tentativa de evitar que objetos sejam roubados das malas na chegada a Havana. Os passageiros têm medo até de falar sobre a viagem.
“Não dou entrevista”, diz uma mulher.
Alguns despacham mais de 200 quilos, além da cota de duas malas autorizada pela companhia aérea.
Gladys é cubana, mas também tem cidadania europeia porque os avós eram espanhóis. Por isso, conseguiu autorização do governo cubano para sair do país por 90 dias. Foi para os Estados Unidos, trabalhou como empregada doméstica, juntou dinheiro, pagou o equivalente a R$ 800 pela passagem, mais R$ 800 por excesso de peso.
O Jornal Nacional acompanhou a viagem de volta para casa: 45 minutos de vôo que separam os dois mundos de Gladys.
O avião sobrevoa o território cubano. O país de 11 milhões de habitantes está há 52 anos sob um regime comunista – uma ditadura que passou pelo comando de Fidel Castro e agora está com o irmão, Raul Castro.
No ano passado, segundo o governo cubano, a taxa de desemprego foi de 2,5% - 80% trabalham para o estado. De acordo com um estudo da Universidade de Miami, o número de desempregados chega a 25% e a dívida do país é equivalente a 125% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de tudo que é produzido pelo país.
No Aeroporto de Havana, ela é recebida pela família. Gladys diz que as roupas que comprou para os filhos foram confiscadas. As malas mal cabem no carro, uma relíquia da indústria automotiva.
No caminho, uma raridade: vacas pastando. A carne bovina é escassa no país. O Código Penal prevê até dez anos de prisão para quem matar o animal sem autorização do estado, que controla tudo na ilha.
São quatro horas de viagem até o encontro de Gladys com parentes e vizinhos. Ela mostra como é a vida no interior de Cuba, onde mora com o marido e cinco filhos.
“Não tenho gás para cozinhar, nunca tive”, conta. Ela tem um fogareiro elétrico, mas falta dinheiro para pagar a conta de luz. “Gás apenas na capital”, completa.
Na capital, Havana, os moradores também se queixam.
"A situação está crítica", diz uma mulher.
Na pequena cidade do interior de Cuba, Gladys sente saudade dos tempos em que a antiga União Soviética financiava o regime de Fidel Castro. “Nos anos da União Soviética, vivíamos muito bem”, lembra.
Os filhos e vizinhos ajudam a abrir as malas e encontram comida. Gladys levou também remédios e um agrado: um pacote de café para o dentista dela.
Em um país em que o governo diz que o sistema de saúde é motivo de orgulho, com atendimento gratuito para todos, Gladys afirma: "Aqui, se você adoece, tem que levar um presente para o hospital. Caso contrário, não consegue atendimento".
Gladys se queixa de que há dez anos espera tratamento no dentista e que não se sente à vontade para dar uma risada. "Não sou tão velha. Se tivesse os dentes, estaria um pouquinho melhor", diz.

 

China agora quer se desenvolver com harmonia

Depois de forte avanço econômico, país hoje mistura poluição, luxo e miséria; Agora, governo diz que buscará crescimento harmônico

Olívia Alonso, iG São Paulo 15/07/2011 15:10
Depois de crescer 11% ao ano, em média, durante 30 anos, e se tornar a segunda maior economia do mundo, a China hoje mistura avanços tecnológicos, subdesenvolvimento, condições de trabalho boase ruins, poluição, luxo e miséria. Enquanto se prepara para se tornar a maior potência do globo, o país enfrenta enormes desafios, conseqüentes principalmente do crescimento acelerado.
Diante da uma má distribuição de renda, da inflação, da corrupção e da falta de emprego qualificado, parte da população jovem da China já começa a mostrar insatisfação. Enquanto isso, outros países criticam a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, a emissão de poluentes e a falta de direitos humanos. Para amenizar os ânimos - tanto internos como externos - o governo vem afirmando que pretende crescer menos – de 7% a 8% ao ano – e de forma mais “harmônica”.
Na última assembleia geral do Partido Comunista, em março deste ano, os governantes afirmaram que vão direcionar esforços para deixar o país mais “feliz”. As boas intenções agradam os observadores internacionais e indicam que o governo central chinês tem consciência de que precisa cuidar de vários aspectos. Mas agora será preciso colocar essas intenções em prática.
Supermercado em Dongguan: inflação causa insatisfação na China, principalmente entre os jovens - Foto: Olívia Alonso/iG
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De 27 de junho a 15 de julho, o iG publicou uma série de reportagens sobre como a China está se preparando para se tornar a maior economia do mundo. O portal revelou que o homem mais rico da China, que leva a vida sem nenhum glamour e trabalha doze horas por dia, seis dias na semana, tem planos de investir no Brasil.
Também mostrou como é a Alibaba, a empresa na qual os jovens do país desejam trabalhar e omaior mercado de bugigangas do mundo, em Yiwu, além da cidade que tem o metro quadrado mais caro da China.
No sul do país, visitou a cidade de Dongguan, onde vivem três mil brasileiros e maior feira de importação e exportação do mundo, em Guangzhou, além de empresas como a BYD, fabricante de baterias e carros elétricos. Veja tudo sobre o Expedições iG - China.

Texto:


    Entenda como funciona uma usina nuclear

    Saiba porque o terremoto seguido de tsunami causou a atual crise nuclear no Japão

    iG São Paulo | 13/03/2011 20:21


    Após o terremoto seguido de tsunami que atingiu a costa nordeste do Japão na última sexta-feira, o país enfrenta a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, segundo o premiê Naoto Kan. Além de deixar mais de mil mortos, o terremoto causou problemas em pelo menos três usinas nucleares. O caso mais grave é o da usina Fukushima 1, operada pela Tokyo Electric Power Company, que tenta resolver um vazamento de radiação ativo desde o terremoto. Para evitar que a população se contamine, apesar de a quantidade de radiação liberada ser "minima", o governo retirou os moradores que vivem em um raio de 20 km em torno da usina Fukushima 1.
    O terremoto não causou danos diretos às usinas nucleares japonesas. Como elas estão em uma região suscetível a terremotos, já foram construídas de acordo com os parâmetros internacionais de segurança. O reator nuclear fica dentro de uma cápsula de aço, onde recebe água que, aquecida a altas temperaturas, gera vapor e produz a energia elétrica. O conjunto de equipamentos que alimentam o reator também fica dentro de um prédio com paredes de concreto de até um metro de espessura. Segundo especialistas, essas usinas são preparadas para suportar até mesmo quedas de avião.
    Contudo, as redes de transmissão de energia elétrica do Japão não são à prova de desastres naturais. Com os tremores, algumas delas interromperam o fornecimento e diversas cidades ficaram sem energia elétrica. A maior parte das usinas já é antiga e utiliza um sistema de bombeamento elétrico à água para alimentar o reator, mas também para resfriá-lo. Com o blecaute de energia causado pelo terremoto, o sistema parou de funcionar, conforme mostra o infográfico: o reator superaqueceu e liberou vapor, aumentando a pressão dentro da cápsula. Com isso, o reator começou a fundir, o que elevou os níveis de radiação em mil vezes. “O urânio começou a virar gás e uma parte dele vazou”, disse o físico José Goldemberg, especialistas em produção de energia, ao iG.
    Usinas nucleares mais modernas utilizam um sistema de bombeamento de água diferente das usinas afetadas pela falta de energia elétrica. Elas possuem um sistema redundante que, em caso de falta de energia, utiliza a força da gravidade para fazer a água circular pelo reator e pelo sistema de resfriamento. Sem esta alternativa, funcionários das operadoras das usinas nucleares japonesas afetadas pelo problema, injetam uma solução de água do mar, além de ácido bórico, dentro dos reatores, para tentar resfriar o sistema e parar o processo de fusão do reator. O processo pode levar alguns dias para gerar os primeiros resultados.
    Novas estratégias de segurança
    De acordo com a BBC, além dos problemas nas redes de transmissão de energia, alguns especialistas apontam que o próprio sistema de segurança contra terremotos pode ter prejudicado algumas usinas. Quando uma usina nuclear é atingida por um terremoto, um dispositivo de segurança desliga todas as suas fontes de energia, para prevenir curto-circuitos. As usinas nucleares concentram grande quantidade de urânio (entre 200 e 300 kg) e, por isso, uma explosão causaria a liberação de grande quantidade de material radioativo.
    Durante um protesto contra usinas nucleares realizado ontem (12) na Alemanha, o ministro do meio ambiente do país, Norbert Roettgen, afirmou que os padrões e dispositivos de segurança em usinas nucleares devem ser revistos após o acidente em Fukushima 1. “Isso aconteceu em um país com padrões de segurança muitos altos. A questão de como podemos nos proteger contra esses perigos está em aberto novamente e precisamos tratar dela”, disse Roettgen à BBC.



    Fonte de Energia e Meio Ambiente

    Edição do dia 13/06/2011
    13/06/2011 21h26 - Atualizado em 13/06/2011 21h26

    Cidades alemãs conseguem transformar esgoto em eletricidade

    A população gasta menos, os rios ficam limpos e não há emissão de gases que provocam o efeito estufa. A Alemanha anunciou o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022.

    O ano de 2011 está chegando à metade e já entrou para a história por causa de um desastre. O tsunami que atingiu a usina nuclear japonesa de Fukushima espalhou no planeta a preocupação com a segurança desse tipo de instalação. A ponto de a Alemanha ter anunciado, na semana passada, o fechamento de todas as usinas nucleares do país até o ano de 2022.
    A contagem regressiva dos alemães para encontrar alternativas energéticas já começou, mas eles têm algumas experiências bem-sucedidas nesse desafio. Como as que você vê na reportagem de Sônia Bridi e Paulo Zero.
    Hamburgo é uma grande cidade e o segundo maior porto da Europa. Perto dos guindastes, uma construção lembra imensos ovos de páscoa. São tanques para tratar o esgoto residencial e industrial de 2 milhões de habitantes.
    Os resíduos líquidos passam por processo de purificação e são devolvidos como água limpa para o rio.
    Os sólidos, primeiro liberam gás metano, que é distribuído como gás de cozinha à população. Depois são secados e incinerados. O calor toca uma usina termoelétrica, que produz energia suficiente para toda a rede de coleta e tratamento de água e esgoto de Hamburgo.
    “O nosso preço é menos da metade da média da Europa por litro de água tratada”, conta o engenheiro responsável pela usina.
    A população gasta menos, os rios ficam limpos e não há emissão de gases que provocam o efeito estufa. Um projeto em que todo mundo ganha.
    Como na pequena vila de Ivenack, na parte mais pobre da Alemanha. Em Ivenack faltava energia e sobrava esterco de gado, criado confinado em galpões. O prefeito então pensou em resolver os dois problemas de uma vez: com um biodigestor, alimentado com palha de milho e com o esterco, que vem de caminhão das fazendas. Tudo vira gás metano, queimado para esquentar a água que aquece as casas no rigoroso inverno do norte.
    O calor sai a 95ºC. A água quente passa por todas as casas para fazer o aquecimento e volta, em um circuito fechado, então chega de volta a 70°C. O que significa que é preciso menos energia para manter nesta temperatura sempre.
    Na reforma da sede da fazenda coletiva dos tempos comunistas, o prefeito encheu os telhados de painéis que mesmo por lá, onde o sol é raro, transformam seu calor em energia elétrica.
    Toda a energia produzida nesses painéis é jogada na rede de distribuição, que já chega a todas as casas da vila. No fim do mês, o que a prefeitura e a empresa de energia têm que fazer é sentar para fazer o acerto de contas. E a prefeitura só paga a diferença entre o que produziu e o que a vila gastou.
    O prefeito se orgulha do que fez: “Esse tipo de energia sustentando uma comunidade pode ser um bom negócio para o Brasil”, diz ele, que convida: “Quem estiver interessado pode vir que mostramos o que fizemos aqui. Estamos de braços abertos!”.


    China

    Edição do dia 08/06/2011
    09/06/2011 01h21 - Atualizado em 09/06/2011 01h21

    China tenta driblar cobrança de taxa os calçados que entram no Brasil

    Sapatos feitos na China viajam para Vietnã, Malásia e Indonésia para receber etiqueta desses países e entrar no Brasil sem pagar a taxa de US$ 13.85 o par.

    O tênis que vinha da China agora chega ao Brasil com ‘made in Vietnã’ na etiqueta. Foi a solução encontrada por três fabricantes para escapar da sobretaxa que o governo brasileiro impõe desde março do ano passado aos produtos chineses.
    Malásia e Indonésia representavam juntos 18% das importações de tênis e sapatos de couro.

    Em apenas um ano, o número subiu para 37% e agora os três países já respondem por 53% dos produtos que entram no país.
    O problema é que as autoridades do Ministério da Indústria e Comércio desconfiam que uma manobra ilegal está distorcendo estes números.
    É a triangulação. Sapatos feitos na China viajam para Vietnã, Malásia e Indonésia apenas pra receber a etiqueta de fabricação com o nome desses países. Assim, o calçado entra no Brasil sem pagar a taxa de US$ 13.85 o par.
    “O governo federal tomou a medida antidumping contra a China. Agora tem que tomar a medida antidumping, estender essas medidas para os outros países asiáticos”, diz o presidente da Sindifranca, José Carlos Brigagão.
    A alternativa encontrada pela indústria foi contra-atacar. Enquanto os chineses continuam no mercado brasileiro com sapatos baratos, as fábricas do interior de São Paulo apostam na exportação de calçados mais caros para a própria China. O sapato que sai da fábrica já é vendido em 32 lojas chinesas. Até o fim do ano deve ir para outras 50.
    O que atrai essas lojas chinesas são sapatos de luxo, fabricados com material de alta tecnologia. Modelos cortados a laser, para agradar um mercado consumidor em crescimento: o dos novos ricos chineses.
    “Isso aí representa 450 milhões de habitantes que não usa produto chinês. Espero que continue crescendo”, fala o empresário José Rosa Jacometi.

    Japão

    06/05/2011 09h44 - Atualizado em 06/05/2011 09h44

    Governo do Japão manda fechar usina nuclear por risco de terremoto

    Planta de Hamaoka fica sobre falha sísmica e oferece risco à segurança.
    País enfrenta crise nuclear após terremoto e tsunami de 11 de março.

    Da AFP
    O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, exigiu nesta sexta-feira (6) que o grupo Chubu Electric Power interrompa o funcionamento da usina nuclear de Hamaoka, situada na falha sísmica do centro do arquipélago.
    "Ordenei que a Chubu Electric Power encerre as operações de todos os seus reatores na central nuclear de Hamaoka", declarou Kan.
    "Tomamos esta decisão em função da segurança dos habitantes", acrescentou o primeiro-ministro japonês, que evocou um risco grande de terremotos nesta parte do país.
    A decisão de Kan determina o fechamento de dois reatores, os de número 4 e 5, da usina na província de Shizuoka, a 200 km de Tóquio.
    Imagem aérea de fevereiro de 2005 mostra a usina Chubu Electric Power, em Omaezaki, na prefeitura de Shizuoka (Foto: Reuters)Imagem aérea de fevereiro de 2005 mostra a usina Hamaoka, da Chubu Electric Power, em Omaezaki, na prefeitura de Shizuoka (Foto: Reuters)
    O terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami que atingiu o país em 11 de março provocou danos na unina de Fukushima Daiichi, jogando o país em uma crise nuclear ainda não totalmente resolvida.
    VALE ESTE MAGNITUDE REVISADO - Entenda o terremoto no Japão (Foto: Arte/G1)


    A Relação Homem Natureza

    A compreensão tradicional das relações entre a sociedade e a natureza desenvolvidas, vinculadas ao processo de produção capitalista, considerava o homem e a natureza como pólos excludentes fonte ilimitada de recursos à disposição do homem. Entretanto, nos anos 60/70 percebeu-se que os recursos naturais são esgotáveis e que o crescimento sem limites começava a se revelar insustentável.
    O homem, julgando-se acima de tudo e de todos, amparado pelo racionalismo e pelas descobertas da ciência, depositou seus principais desejos e aspirações na busca do sucesso econômico, pela vontade de ter, acumular cada vez mais riquezas, e, por conseguinte, mais poder sobre seus iguais, esquecendo-se assim da sua real condição de ser, na e com a natureza.
    Daí começaram a surgir alguns movimentos ambientais. O Ambientalismo consiste em diferentes correntes de pensamento de um movimento social, que tem na defesa do meio ambiente sua principal preocupação, demandando medidas de proteção ambiental, tais como medidas de anti-poluição. O ambientalismo não visa somente os problemas ligados ao meio ambiente. Ele vai muito além. Visa as atitudes a serem tomadas para uma possível diminuição ou até mesmo solução deste.
    Castells (1999) afirma que grandes empresas passaram a incluir a questão do ambientalismo em sua agenda. Entretanto, assinala que "a maioria de nossos problemas ambientais mais elementares ainda persiste, uma vez que seu tratamento requer uma transformação nos meios de produção e de consumo.
    Pepper (1995) destaca as principais correntes ecológicas. AIgumas são extremamente conservadoras, como a neomalthusiana. Para essa corrente a multiplicação dos pobres é o principal problema da sociedade, e os projetos de assistência social beneficiam apenas o nascimento massivo de mais crianças. Sustentam que a sobrevivência do planeta só será possível com planos internacionais para frear o crescimento demográfico.
    Três períodos na história do movimento ecológico podem ser distinguidos no Brasil: uma primeira fase, denominada ambientalista (1974 a 1981), caracterizada por movimentos de denúncia de degradação ambiental nas cidades e criação de comunidades alternativas rurais; um segundo momento, de transição (1982 a 1985), foi marcado pela grande expansão quantitativa e qualitativa dos movimentos da primeira ; na terceira fase, a partir de 1986, a maioria do movimento ecológico decidiu participar ativamente da arena parlamentar.
    As políticas ambientais são motivadas tanto por interesses como por ideais. Os interesses levam à compreensão dos danos ambientais e as conseqüências e ameaças à própria economia, com a diminuição de rendimentos e de empregos; e os direitos morais e ideais podem compreender o fato de os direitos do futuro prevalecerem sobre os das gerações atuais ou sobre o valor irredutível de todas as formas de vida.