segunda-feira, 30 de maio de 2011

Orientação Sexual na Escola

No último dia 20 de maio foi realizada a culminância do tema transversal trabalhado no 1º semestre de 2011, "Orientação Sexual".  Para a realização da atividade, foram sortiadas três turmas de cada turno para executarem as exposições de suas atividades. As turmas selecionadas no turno da manhã foram a 11A, 11B e 21D, que ficaram sob a orientação dos professores Adailson Martins e Rosimee Mendes, Luciana Elias e Irã Sampaio e Alice Barros e Elias Porto, respectivamente. Mostraremos algumas fotos da culminância no turno da manhã.













segunda-feira, 23 de maio de 2011

Série Educação do Jornal Nacional - Quinta Reportagem


Edição do dia 13/05/2011
13/05/2011 21h15 - Atualizado em 13/05/2011 21h15

Iniciativas e parcerias dão bons 

resultados na educação do Brasil


Elas transformam a escola em um lugar mais agradável, eficiente e atraente para alunos, professores e pais. A criação de um ambiente favorável ao ensino está menos ligada a grandes investimentos na estrutura física das escolas e mais ao acompanhamento do dia a dia da sala de aula.

O Ministério da Educação (MEC) contestou uma informação da reportagem especial de quinta-feira (12) sobre o número de formandos em pedagogia e educação básica entre os anos de 2005 e 2009. Para o MEC, devem ser incluídos os números dos cursos à distância e não só o presencial, em que o aluno está dentro da sala de aula, que era o foco da nossa série. Dentro dessa visão do Ministério, o número de professores formados aumentou 2,75% naquele período.
Nesta sexta-feira (13), na última reportagem desta série sobre a educação no Brasil, Alan Severiano mostra iniciativas que transformam a escola em um lugar mais agradável, eficiente e atraente para alunos, professores e até para os pais.
Bairro pobre de São Paulo, escola sem infraestrutura. Tinha tudo para dar errado e dava. Até que uma janela se abriu. Uma parceria com empresários melhorou as instalações e treinou mais de cem professores.
“Eu aprendi que você tem que ver o que eles sabem também e a partir do que eles sabem a gente fazer nosso planejamento de aulas e eu não fazia isso”, disse a professora de português
Elaine Ribeiro Claro.

“Eles aprendendo mais eles podem ensinar melhor para a gente, de um jeito melhor para a gente”, lembrou Márcia Sousa, de 11 anos.
Para o diretor Celso Teixeira, lições de gestão. Ele é um professor de português que se apaixonou pelos números e passou a lidar com um vocabulário típico de quem administra uma empresa.
“Eu sei em porcentagem quanto o aluno fulano de tal tem e quanto eu quero que ele chegue. Eu consigo determinar isso para a sala, determinar isso para a escola. Dessa maneira o caminho é mais curto”, explicou.
Foi mesmo. Em dois anos, o desempenho na avaliação do MEC melhorou. A nota do Ideb passou de 4,2 para 5 no 5° ano. E pulou de 3,5 para 4,2 no fim do ensino fundamental.
Um trunfo é a professora comunitária, que percorre o bairro e mantém contato com as famílias.
O envolvimento dos pais faz diferença. A mãe de Tiago acompanha as tarefas e o dia a dia da escola. “Se cada pai fizesse um pouquinho do que eu faço, eu creio que a escola ainda estaria melhor do que está hoje”, disse ela.
Em uma escola em Belo Horizonte, a receita de superação é um pouco diferente. Para motivar alunos que repetiram várias séries, a saída foi diversificar as atividades. É uma parceria da rede municipal com a Fundação Roberto Marinho.
A brincadeira da batata quente vira teste de conhecimentos gerais. Em aulas do Telecurso, situações do cotidiano ajudam a entender assuntos que já foram vistos.
“O grande objetivo eu acho que é fazer com que eles descubram que eles sabem, que eles podem aprender que eles dão conta”, destacou a professora Luiza Carvalho.
A criação de um ambiente favorável ao ensino está menos ligada a grandes investimentos na estrutura física das escolas e mais ao acompanhamento do dia a dia da sala de aula.
Os números mostram que Minas Gerais conseguiu dar um salto de qualidade nos primeiros anos do ensino fundamental porque resolveu apoiar o trabalho do professor e ajudá-lo a superar as próprias deficiências.
Educadores mais experientes acompanham as aulas, detectam os problemas e apontam saídas. O foco é a alfabetização até o 3° ano. De 2006 para 2010, o percentual de alunos de 8 anos que sabem ler e escrever pulou de 49% para 86%.
A baixa rotatividade dos professores ajuda a dar continuidade ao trabalho. “Dá segurança. Dezembro você fecha as turmas, você já sabe qual o perfil do professor para aquela turma”, explicou a diretora de escola Marli Soares Barreto.
O exemplo foi citado por uma consultoria internacional que analisou experiências bem sucedidas em 18 países. Na maioria, o que fez a diferença foi a qualificação do diretor e dos professores - que contam com a ajuda do material didático. Uma espécie de guia, ele explica o que o aluno tem de aprender e dá sugestões de como chegar lá.
É contando histórias que crianças de 6 anos se preparam para a alfabetização. Outro diferencial: alunos de famílias menos estruturadas passam o dia inteiro na escola. Se divertindo, nem percebem que estão aprendendo.
“A gente precisa sair do gerúndio, ou seja, de ‘está melhorando’, ‘caminhando’, nós temos que fazer uma efetiva melhora, um salto transformacional na educação do Brasil. É só o Brasil se mobilizar para isso que a gente consegue fazer”, afirmou o empresário Jair Ribeiro.

Série Educação do Jornal Nacional - Quarta Reportagem


Edição do dia 12/05/2011
12/05/2011 22h03 - Atualizado em 12/05/2011 22h03

Apesar de essenciais, professores 

brasileiros são desprestigiados

Da pré-escola ao ensino superior, são hoje 2,3 milhões no país. No Brasil, a lei fixa um salário inicial de R$ 1.187 para 40 horas de trabalho por semana.

Na série especial de reportagens que o Jornal Nacional apresenta sobre a educação, nesta quinta-feira, você vai ver uma análise da situação dos professores. Da pré-escola ao ensino superior, são hoje 2,3 milhões no país. É uma profissão essencial. E, mesmo assim, uma das mais desprestigiadas.
Na sala de aula, muitos querem fazer administração e quase metade, direito. Quem quer ser professor? Apenas um, dois.
“Eu não vejo futuro, eu acho que é uma carreira que não me satisfaria financeiramente também”, contou a aluna Luana Gallo, de 17 anos.
“Ser professor hoje no Brasil, infelizmente, não compensa”, disse Gustavo Lovatto, de 17 anos.
O desinteresse pela profissão é mais do que um sintoma de crise. É uma ameaça ao futuro. “É uma pena porque o professor é tudo em um país”, destacou um deles.
“Só existem as outras profissões porque existe o professor”, lembrou uma professora.
Nas faculdades de pedagogia e nas que formam professores da educação básica, os números confirmam o desprestígio.
Em quatro anos, caiu pela metade a quantidade de formandos. Houve redução também nos cursos de licenciatura, que formam professores de disciplinas específicas.
Quem é esse aluno que no futuro deseja trocar de posição na sala de aula? Uma pesquisa mostra que quase metade dos estudantes de pedagogia veio de famílias de baixa renda e a mãe só fez até a quarta série. E 80% estudaram em escolas públicas.
“Enquanto você não conseguir trazer o jovem motivado e bem qualificado para a carreira de professor, você não consegue fazer um salto na educação”, afirmou a diretora do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lucia Lima.
Para que os alunos de fato aprendam, é fundamental que, além de dominar o conteúdo, o professor saiba como ensinar. Parece óbvio, mas em muitos casos, falta esse preparo. Em um mundo onde os alunos têm cada vez mais acesso à informação, é preciso inovar para tornar as aulas mais atraentes
Muitas vezes, ideias simples bastam para chamar a atenção. Investir em qualificação de quem já está no mercado tem sido uma preocupação em vários estados, uma oportunidade que nem todos conseguem aproveitar.
“Eu sei que o estado oferece, mas eu não tenho tempo. Eu ensino em duas escolas particulares e em uma escola da rede municipal e mais essa escola que é da rede estadual. De manhã, de tarde e à noite”, disse a professora de ciências e biologia Daniella Barbosa.
É a rotina de muitos professores para driblar os baixos salários. No Brasil, a lei fixa um salário inicial de R$ 1.187 para 40 horas de trabalho por semana. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a remuneração é bem menor. Na prática, em todo o país, muitos professores recebem menos do que o piso.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que há R$ 10 bilhões por ano para reestruturar a carreira dos professores. “O professor ganha no Brasil, em média, 60% do que ganham os demais profissionais de nível superior. Uma das metas do Plano Nacional de Educação é superar essa distância”.
Plano que o Brasil traçou para alcançar em 2020. Formado na Universidade de São Paulo, uma das mais prestigiadas do país, o professor de filosofia Eduardo Amaral ganha R$ 1.100 por mês. Tem 650 alunos em 23 turmas.
“Você não tem tempo de corrigir adequadamente os trabalhos, de dar um retorno para os alunos. Você acaba comprometendo todo o processo pedagógico”, contou.
A lei diz que um terço da jornada deve ser reservada para preparação das aulas e correção das provas, determinação que vem sendo contestada na Justiça só é realidade em seis estados, segundo um levantamento divulgado pela categoria.
Como temporária, Cristina recebe apenas pelo trabalho dentro da sala de aula. “Não tem horário para fazer planejamento não. Cada um faz no horário que der, final de semana, à noite, quando dá”, disse.
A falta de horizonte na carreira e as condições de trabalho são outros entraves. Em Alagoas, por falta do diário de classe, a frequencia dos alunos é anotada no caderno, tarefa que terá de ser refeita. No Piauí, onde a temperatura passa de 40°C, é difícil manter a concentração dos alunos com ventiladores quebrados.
São muitos os professores que tiram do próprio bolso para garantir o ensino. “Compro meus lápis, tudo de reserva. Você fala: ‘Não tenho’. ‘Então, está aqui’. ‘Não tenho no meu caderno’, ‘Então está aqui uma folha de papel, vamos escrever!’ Quando eu vejo uma criança lendo as primeiras palavras, eu derreto toda eu fico muito feliz!”, contou a professora do 1º ano Joana Teixeira.
A relação com o professor, que nos primeiros anos de escola é mais afetiva, muda com o passar do tempo. “Eu tenho alunos que falam: ‘Eu só venho porque minha mãe me obriga, eu não quero vir’. Um aluno que chega assim fica muito mais difícil de aprender”, destacou a professora Adriana Martins.
“Tem muito professor desestimulado que reflete em desestímulo ao aluno e tem o aluno que não tem a perspectiva de aprender dentro da escola e isso desestimula o professor”, afirmou um deles.
A fórmula para quebrar esse círculo vicioso combina investimento e cobrança de resultados. “Tem que deixar muito claro o que ele tem que fazer, qual é a meta que ele tem que atingir. Tem que ter um cenário mais claro para o professor”, disse a diretora do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Quem sabe assim, no futuro, mais brasileiros levem adiante o desejo de criança de ser professor.

Série Educação do Jornal Nacional - Terceira Reportagem


Edição do dia 11/05/2011
11/05/2011 21h10 - Atualizado em 11/05/2011 21h40

Ensino médio é o que menos evoluiu no Brasil ao longo dos anos


Dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil, só 28% aprendem o conteúdo de português e apenas 11%, o de matemática. Mas, até 2016, ele será obrigatório para todos os adolescentes de até 17 anos.

O ensino médio, no Brasil, tem os maiores índices de abandono na comparação com outras etapas da educação. É o que Alan Severiano mostra na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional exibe nesta semana.
O sonho de virar advogada vai ter de esperar. Aos 17 anos e grávida de cinco meses, Polyana abandonou o segundo ano do ensino médio em uma escola do interior do Piauí: “Eu vou ter a criança e não vou poder sair toda hora pra amamentar”, conta.
. Acompanhe bastidores e mais informações no blog do JN Especial.
A notícia desapontou o pai, que só sabe escrever o nome, e a mãe, que parou na sexta série: “Tem que chegar mais longe do que a mãe conseguiu. Por mim, ela estaria na escola ainda”, diz a mãe de Polyana.
Polyana contribui para uma estatística desanimadora no Brasil: a da evasão. De cada dez alunos que entram no primeiro ano do ensino fundamental, só metade conclui o ensino médio até 19 anos. E a estatística já leva em conta dois anos de atraso.
Muitos começam faltando: em uma escola, 30% abandonaram a sala de aula no ano passado. “Chega aqui, tem dois, três professores, ou então tem as duas primeiras aulas, ai não tem a 3ª, 4ª, 5ª, ou então tem só a 3ª, a 4ª, a 5ª, esse aluno termina desistindo”, diz o diretor da escola, José Basílio.
Lá, quem escreve no quadro, não é a professora. “Ela foi embora, deixou os alunos sem aula, sem nada. Ai eu assumi a responsabilidade, eu sou a líder da sala e assumi”, conta a aluna do primeiro ano do ensino médio Mariana Barbosa.
Um mês depois do início das aulas, ainda faltavam seis professores para completar o quadro. “Já chegou o período de provas e os professores ainda não chegaram. O de química e o de informática”, afirma a aluna Ana Paula Oliveira.
Os computadores, sem acesso à internet, passam o dia desligados. Nem na biblioteca é possível pesquisar. A preocupação de muitos é o vestibular.
“Acho que não tem nem uma mínima possibilidade de competir com os outros alunos desse jeito”, conta Kananda Teixeira.
O Piauí é o estado com o pior desempenho no ensino médio. Nota 3 no Ideb, o indicador de qualidade do Ministério da Educação.
Ao chegar em uma escola da zona norte de Teresina, que tinha sido previamente avisada sobre a entrevista, a equipe foi surpreendida por uma reforma relâmpago que começou no próprio dia da visita. Ao todo, 17 homens foram contratados para limpar, pintar, trocar as telhas da escola. Até carteiras novas chegaram.
“Disseram que vinha fazer uma reportagem e acharam melhor filmar mais limpinho desse jeito”, conta o mestre de obras Antonio Rodrigues Neto.
Se a estrutura física pode ser remendada, o que de fato dá significado à escola talvez exija uma reforma mais complexa. “São aulas muito chatas, aulas que a gente prefere ficar fora da sala do que estar dentro assistindo”, explica Thomás de Aquino Neri, de 20 anos.
De manhã, a maioria é jovem. À noite, adultos que trabalham. Como falar para turmas tão diferentes? “Tem toneladas de matérias que abordam de todos os assuntos possíveis. Não é todo mundo que precisa aprender tudo”, explica Ana Lucia Lima, diretora do Instituto Paulo Montenegro.
“A gente percebe que nem todo mundo acompanha o raciocínio”, conta um professor.
Dos alunos que terminam o ensino médio no Brasil, só 28% aprendem o conteúdo de português e apenas 11%, o de matemática.
“Tem coisas que eu não sei onde eu vou usar. E aí desestimula”, diz um aluno.
O ensino médio é o que menos evoluiu no Brasil e tem os piores indicadores. Até 2016, ele será obrigatório para todos os adolescentes de até 17 anos. Isso significa que, além de melhorar a qualidade, as escolas terão de se preparar para receber mais gente.
Se a lei fosse cumprida hoje, seria necessário criar três milhões de vagas. No Piauí, muitas escolas estão fechando turmas à noite, segundo o governo, por falta de procura.
O ministro da Educação diz que o maior desafio para atrair os alunos é fazer com que os estados adotem um novo currículo. O atual, muito voltado para o vestibular, já foi substituído em 700 escolas.
“Nós temos ainda um mal no Brasil que é o vestibular. Nós precisamos superar isso, ter um currículo mais enxuto, mais equilibrado, do ponto de vista das disciplinas, e que ofereça também perspectivas na direção da cultura e do trabalho”, diz Fernando Haddad.
Quem está na escola tem pressa. O futuro depende de botar em prática uma palavra de nove letras.
A Secretaria de Educação e Cultura do Piauí informou que ampliou a equipe de engenheiros e criou uma comissão de vistoria para melhorar a situação das escolas. Na semana passada, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas diretrizes para o ensino médio, inclusive a flexibilização do currículo, citada pelo ministro Fernando Haddad na reportagem, e uma ampliação da carga horária. A palavra final nessas possíveis mudanças caberá ao ministério.
 

Série Educação do Jornal Nacional - Segunda Reportagem


Edição do dia 10/05/2011
10/05/2011 21h33 - Atualizado em 10/05/2011 22h25

Apenas 25% dos alunos que terminam o fundamental aprendem o que deviam da 

língua portuguesa


No Brasil, mais de 700 mil crianças de 6 a 14 anos ainda estão fora da escola. Na escala de 0 a 10 do Ideb, o indicador de qualidade do MEC, a média dos estudantes do 5° ano foi 4,6, em 2009.

O Jornal Nacional apresenta uma série especial de reportagens sobre os maiores problemas da educação no Brasil. Nesta terça-feira (10), o repórter Alan Severiano dá um panorama do ensino fundamental, que foi ampliado de oito para nove anos.

O Brasil do presente e o futuro do país passam pelo quarteirão do mercado financeiro de São Paulo, que movimenta bilhões de reais por dia.
Mas o que crianças da região vão ser quando crescerem? “Vai ficar que nem o pai, puxador de carroça, catador de papelão”, disse um catador. Sem endereço fixo, o pai diz que não consegue matricular os filhos.
Ana tem 8 anos, nunca foi à escola e tem uma enorme vontade de aprender a ler.
No Brasil, mais de 700 mil crianças de 6 a 14 anos ainda estão fora da escola. Apesar da ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos, nem todos os que frequentam a sala de aula aprendem.
No 5° ano, muitos ainda não conseguem ler. O Pará é o estado em que alunos do 5° ano tiveram pior desempenho no Ideb, o indicador de qualidade do Ministério da Educação. O número combina o resultado das provas oficiais com o índice de aprovação. Na escala de 0 a 10, a média dos estudantes brasileiros do 5° ano foi 4,6 em 2009. O Pará ficou com 3,6. A meta do país é chegar a 6 em 2022.
“A maioria dos alunos está saindo do 5° anos sem saber ler. Descobrir palavras conseguem, interpretar o que lê é que está o grande problema”, destacou o professor Haroldo Gonçalves.
Os alunos percorrem grandes distâncias para chegar à escola, onde 30% dos professores não têm nível superior.

A diretora de uma escola em Breu Branco, no Pará, mostrou um freezer vazio. No dia da visita da equipe do Jornal Nacional, não tinha merenda.
Os primeiros anos do ensino fundamental são a base para toda a vida escolar. Foi nessa etapa que a educação brasileira mais avançou recentemente. Mas ainda estamos longe de atingir uma meta importante: alfabetizar todas as crianças até 8 anos.
Dos 4 aos 8 anos, a área do cérebro responsável pela linguagem está em plena atividade. Se compararmos com a rede elétrica de uma casa em construção, é a hora de fazer o máximo de conexões. Quanto mais tomadas instaladas, maior a capacidade de fazer ligações no futuro.
E a criança que não se alfabetiza no tempo certo? “Tarefas de leitura e escrita serão tarefas que exigirão sempre muito esforço dela. E possivelmente ela não venha a ter a mesma habilidade que aquela que iniciou na idade mais apropriada”, explicou a psicóloga Nadia Aparecida Bossa.
O resultado é que no Brasil só 34% dos alunos que terminam o 5º ano sabem português como deveriam. No fim do ensino fundamental, o aproveitamento é ainda pior: 26%.
A possível explicação para o problema está na porta de uma escola em São Paulo. “A gente está saindo mais cedo, todo dia. Falta de professor. Venho na escola para aprender e não para sair mais cedo”, contou Leonardo Nates, de 11 anos.
Em Maceió, o retrato do desinteresse: centenas de carteiras quebradas com menos de dois anos de uso. Do pátio à secretaria, faltam funcionários.
“Eu fico no portão, eu ajudo na merenda. A gente funciona porque a escola precisa funcionar, mas é difícil”, relatou a diretora de escola Cely Barbosa.
Em outra escola, ameaçado por bandidos, o porteiro foi embora. No lugar dele, estava um aluno. “O diretor mandou eu ficar aqui fechando o portão. Quando chegar algum aluno, abrir o portão para eles entrarem. A minha aula pelo momento não estou assistindo”, disse Leandro Ferreira de Moraes, de 17 anos.
“A gente está levando o problema para a secretaria e espero que ela resolva o mais rápido possível”, declarou o diretor Jeferson Levino.
Com nota 2,9, Alagoas ocupa o último lugar no ranking do Ideb no fim do ensino fundamental, bem abaixo da média brasileira: 4,0.
A falta de estrutura nem é o maior problema. Estamos em 2011, mas alguns alunos ainda não saíram de 2010. As aulas que começaram no ano passado só vão terminar em julho, com sete meses de atraso. Em Alagoas, o calendário também virou inimigo do ensino. Foram seis greves nos últimos quatro anos.
“O pessoal das outras escolas passando e a gente aqui ficando. É ruim”, disse Joyce Tainá, de 15 anos.
“Fico sem vontade até de estudar, já pensei até em desistir”, desabafou outro aluno.
O exemplo não vem de cima. No mural, um erro de português é o sinal da falta de cuidado com a educação.
“Em um futuro bem próximo que alunos estamos formando? Sem vontade pela leitura, sem gosto pela leitura. A culpa talvez seja nossa, a culpa é da escola, a culpa é da sociedade, quem culpar?”, questionou um professor.
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo disse que o problema da falta de professores é pontual. Segundo a secretaria, o que foi mostrado nesta reportagem já foi resolvido e as aulas serão repostas.
A Secretaria estadual de Educação de Alagoas informou que foi criado um calendário especial para evitar mais prejuízos aos estudantes. E que, agora, apenas um em cada dez alunos está cursando o ano letivo de 2010.
A secretaria de educação de Breu Branco, no Pará, contestou as informações dadas pela diretora da escola, de que não havia merenda no dia da visita da nossa reportagem. De acordo com a secretaria, um relatório da própria direção teria registrado os cardápios oferecidos nos três turnos naquele dia. E o freezer mostrado, que estava vazio, seria da refeição dos professores e não dos alunos.
O repórter Alan Severiano disse que, ao pedir para ver o freezer das merendas, a diretoria da escola o levou ao que foi mostrado na reportagem.